Nada de comer por dois, o importante é qualidade do seu cardápio
Sabe aquela história de que grávida tem que comer por dois? É verdade.
Mas peraí! Não é para comer por duas pessoas, e sim por dois motivos: a
sua saúde e a do seu bebê. Isso não tem nada a ver com dobrar as porções
e traçar dois pratos cheios no almoço.
Sim, você deve aumentar a quantidade das calorias na sua dieta. Mas seu
corpo precisa de, no máximo, 350 calorias a mais por dia o equivalente a
dois copos de leite integral. O que realmente importa não é comer mais,
e sim comer bem.
"Na gestação, o organismo da mulher precisa de
mais nutrientes para que o bebê cresça e se desenvolva", explica a
nutricionista Manoela Figueiredo. Como conseguir isso? Mantendo uma
dieta variada e rica em frutas, verduras, leite e derivados, carnes
magras e carboidratos integrais. Descubra agora mais segredos para se
alimentar bem durante os nove meses.
Prato cheio na medida certa Nos
primeiros três meses, uma grávida precisa de 150 calorias a mais por
dia. No segundo e no terceiro trimestres, são entre 300 e 350 calorias a
mais sem culpa. Isso é uma média cada gestante tem necessidades
diferentes. Depende de como era a alimentação e o peso dela antes da
gestação, e de como está sua saúde , diz Manoela.
A alimentação na gravidez está cercada de mitos. Além de comer por dois ,
tem gente que acredita que, quanto mais a gestante engorda, melhor para
o bebê. Bobagem. Engordar além da conta é tão ruim na gestação quanto
em qualquer outra época da sua vida. Na verdade, assim como quando você
não está grávida, o segredo para uma alimentação saudável nesse período é
o mesmo: comer de tudo, sem exageros, respeitando a fome e driblando a
gula.
A publicitária Laura Guimarães, uma das criadoras do blog Mothern
(www.mothern.blogspot.com),
que virou programa no canal pago GNT, como uma boa mãe moderna, cuidou
direitinho da alimentação durante suas duas gestações. Procurei ter uma
alimentação natural, obedecendo minha fome de grávida, mas sem exageros,
conta.
O prato da grávida saudável é variado e colorido. Todos os grupos
alimentares devem constar na sua dieta diária: vegetais, frutas,
legumes, carboidratos, proteínas e gorduras, além de muita água. Para
garantir disposição o dia todo e ajudar a combater problemas como
náuseas, cansaço e azia, as refeições devem ser divididas entre três
principais: café da manhã, almoço e jantar, com pelo menos dois
lanchinhos entre elas.
Alimentos industrializados, gorduras saturadas, frituras, excesso de
café e de açúcar devem ser evitados a todo custo. Bebidas alcoólicas,
nem pensar: elas fazem mal para o seu bebê. Na dúvida, o médico ou uma
nutricionista podem ajudar. Nunca é demais lembrar que, agora, o que
está em jogo é a saúde do seu filho, então nenhum sacrifício é demais.
Ganhe peso com saúde O peso é um dos indicadores
usados pelo médico para determinar se a gestação é normal e saudável. O
que define quantos quilos você pode (e deve) ganhar ao longo dos nove
meses é o número que a balança apontava antes de engravidar.
É uma conta simples: mulheres com sobrepeso ou obesidade devem manter a
dieta normal (e não aumentar o consumo de calorias) para ganhar entre
sete e nove quilos. Quem estava em forma pode comer mais um pouquinho e
aumentar entre nove e onze quilos na gravidez. Quem estava abaixo do
peso considerado saudável para sua altura deve se reforçar a alimentação
e engordar por volta de 14 ou 15 quilos. Para quem espera gêmeos, esses
limites são mais largos.
Não se trata de uma questão estética. Extrapolar ou ganhar menos peso do
que o recomendável prejudica a saúde do bebê. Mulheres muito magras que
não se alimentam bem durante a gravidez podem ter filhos com problemas
neurológicos, baixa imunidade e mau funcionamento de órgãos como pulmão e
fígado.
Por outro lado, grávidas que engordam muito podem desenvolver obesidade,
pressão alta, diabetes e ter filhos com tendência a serem gordinhos
vida afora. Uma avaliação nutricional no começo da gravidez ajuda a
entender qual é o seu caso e qual a melhor dieta a seguir.
Se
você engordar na proporção certa, terá voltado a sua forma anterior até
dois meses depois do parto. Isso porque boa parte do peso acumulado não é
gordura.
Além do bebê, que pesa em média 3,2 quilos, o
útero fica com quase um quilo. A placenta pesa 600 gramas e, só de
sangue e outros fluidos, você engorda mais 3,6 quilos. Os seios maiores,
por causa da amamentação, aumentam mais um quilo na balança.
O que não pode faltar na sua alimentaçãoVocê
tem um bebê para fabricar , e isso não se faz com pizza e chocolate.
Para dar conta desse trabalho, seu corpo precisa de mais nutrientes, que
vão manter a sua saúde e garantir o desenvolvimento do seu filhote.
Veja o que não pode faltar no seu cardápio:
Ácido fólico Também conhecido como vitamina B9, o
ácido fólico ajuda a formar o tecido nervoso e as células sanguíneas do
bebê. A carência desse nutriente pode causar doenças e mal-formações no
feto. Ele é encontrado em vegetais verde escuros, fígado, leguminosas e
frutas cítricas, mas é difícil suprir necessidade diária da gravidez, de
600 microgramas, só com a alimentação. Por via das dúvidas, a maioria
dos médicos indica um suplemento.
Cálcio Para formar os ossos do bebê, você tem que
reforçar seu consumo de cálcio. Uma grávida precisa de 1.300 miligramas
desse mineral por dia, 30% a mais do que o normal. Você encontra o
cálcio no leite e no iogurte (prefira os desnatados) e também em queijos
magros, como o minas e a ricota.
Ferro Até o fim da gravidez, o volume de sangue no
corpo da mulher terá aumentado até 50%, para dar conta de suprir as
necessidades do morador extra. Se a alimentação não for reforçada com
mais ferro, é comum a grávida desenvolver anemia. Essa doença diminui a
capacidade do sangue de distribuir o oxigênio para as células e causa
fraqueza, cansaço e tonturas, entre outros problemas. Feijão, carne
vermelha e verduras escuras como espinafre são boas fontes de ferro, mas
o médico pode indicar um suplemento.
Fibras Conforme aumenta de tamanho, o útero
pressiona o intestino, o que pode causar prisão de ventre em algumas
gestantes, agravada pelos hormônios que deixam o funcionamento dele mais
lento. Por isso, o consumo de fibras presentes em frutas, verduras e
cereais integrais é fundamental para manter seu corpo regularizado.
Proteínas Presente em todos os tipos de carnes, em
leguminosas como feijão e no leite e seus derivados, esse nutriente é
importantíssimo para a construção dos músculos do seu bebê. São
recomendados 60 gramas por dia, o equivalente a dois bifes por dia.
Vitaminas Elas têm mil e uma funções para a saúde
do bebê e da mãe. Quem mantém uma alimentação bem variada e colorida,
com bastantes frutas, legumes, verduras, nozes, carnes magras, derivados
de leite e cereais integrais supre todas as necessidades do organismo.
Mas o médico também pode indicar um suplemento se achar necessário.
Meu filho vai nascer com cara de... Uma das partes
mais divertidas da gravidez é sentir desejos e ver todo mundo correndo
para satisfazê-los. Por que isso acontece? Segundo a nutricionista
Manoela Figueiredo, nem as vontades, nem as aversões podem ser
comprovadas cientificamente. Os alimentos mais queridos ou detestados
variam para cada mulher: quem nunca ouviu a história de uma grávida que
só comia dobradinha ou feijão gelado e corria para o banheiro se
sentisse o cheiro de chocolate? Acontece.
Talvez seja só um charme afinal, quem carrega um bebê na barriga pode
muito bem se sentir no direito de ter os mimos atendidos. Os desejos
mais relatados são de doces e derivados do leite, como sorvete , conta
Manoela. Mas essa vontade irresistível também pode ser um jeito do corpo
sinalizar que está sentindo falta de alguma coisa e levar a situações
bizarras como comer ferrugem ou terra vermelha, por exemplo.
Essa síndrome leva o esquisito nome de picamalácia, e sua explicação é
controversa. Uma delas é que os alimentos estranhos, que antes não eram
nem um pouco atraentes, trariam a sensação de alívio para náuseas e
vômitos. Outra, mais aceita, é de que há uma deficiência de nutrientes
essenciais, como o ferro, que leva a grávida a comer substâncias que,
embora não sejam alimentos, contém esse nutriente como, por exemplo, um
tijolo.
Para tratar esses desejos malucos da picamalácia, é preciso repor os
nutrientes que estão faltando na alimentação da gestante. Nos casos mais
graves, essa doença pode trazer complicações graves para a mãe e para o
bebê afinal, terra e tinta descascada (lanchinhos comuns para quem
sofre disso) não são comida, e podem causar de feridas no estômago a
envenenamento.